Altos e Baixos
Por WALLACE CARVALHO
RIO DE JANEIRO - “Fina Estampa” escolheu um caminho perigoso ao seguir na contramão das últimas produções exibidas no horário nobre. O autor Aguinaldo Silva não tinha uma trama central que prendesse o telespectador durante quase nove meses.
Ainda assim, os embates entre Tereza Cristina (Christiane Torloni) e Griselda (Lília Cabral) fizeram com que o folhetim registrasse a melhor audiência da faixa das 21h desde “A Favorita” (2008). A produção teve até o começo de março média de 39 pontos no Ibope.
Boa parte de seu sucesso se deve ao mordomo Crô, personagem de Marcelo Serrado, que ao lado do motorista Baltazar (Alexandre Nero) foi responsável pelos melhores momentos da novela.
Para se despedir da turma que movimentou a Barra da Tijuca, o Famosidades montou uma lista com os pontos altos e baixos dessa turma que vai deixar saudades. Confira!
Crodoaldo Valério foi o grande nome da novela. Marcelo Serrado conseguiu driblar o preconceito em um país ainda bastante conservador e fez o mordomo Crô, um afetado homossexual, cair nas graças do público. Com o tempo, o personagem foi ganhando cada vez mais espaço na trama e ofuscou as protagonistas. Seus diálogos ao lado de Tereza Cristina (Christiane Torloni) entraram para a galeria de cenas antológicas da TV brasileira.
Altos e Baixos
Alexandre Nero mais uma vez fez miséria com um personagem secundário. Baltazar deveria ser responsável pela parte mais dramática da história pelo fato de agredir a esposa. Porém, o motorista de Tereza Cristina conquistou as mulheres, a sinopse foi alterada e o “zoiudo” passou a ser o
Griselda começou a novela como a representante da tão comentada classe C. Com uma caracterização perfeita, Lília Cabral fez muita mãe de família se ver na TV diante da mulher que dá duro na vida para criar os filhos honestamente. Os embates de Pereirão com Antenor (Caio Castro), o filho que tem vergonha da mãe, emocionaram o público. Com o decorrer dos capítulos, os grandes dramas da protagonista foram se diluindo e a personagem passou apenas a ser alvo das maldades sem sentido de Tereza Cristina. Ainda assim, Lília deu um show e Caio mostrou que tem tudo para se firmar no casting de galãs da emissora
antagonista de Crô fazendo com que suas cenas fossem para o lado da comédia.
Novela sem um casal que se apaixona, briga, separa, sofre e reata, não é novela. Pois Amália (Sophie Charlotte) e Rafael (Marcos Pigossi) foram os responsáveis pelas clássicas cenas do folhetim. A atriz mandou muito bem na pele da ingênua mocinha que dá todas as chances para o amor de sua vida fazer as coisas certas. Já Pigossi se destacou como o malandro que se transforma por amor. O ator, que havia feito um outro rebelde em 'Ti Ti Ti', conseguiu seguir uma linha completamente diferente de seu personagem anterior e fez bonito no horário nobre.
Renata Sorrah colocou Nazaré Tedesco, outra criação de Aguinaldo Silva, na galeria das vilãs inesquecíveis. Porém, desde que se despediu da rival de Maria do Carmo nunca mais conseguiu emplacar uma boa personagem na TV. Com a médica Daniele, não foi diferente. Chata e, às vezes, infantil, a trama da especialista em fertilização que faz uma inseminação artificial em uma cliente para gerar um sobrinho em segredo não causou o barulho previsto. “Barriga de Aluguel”, em reprise no Viva, abordou a história - sobre quem é a verdadeira mãe de uma criança nascida de uma mulher, mas gerada com o óvulo de outra – de uma forma bem mais interessante.
Jornalista por formação, o autor foi bastante infeliz ao criar um tipo tão fake para representar um profissional da mídia “marrom”. Marcela, interpretada por Suzana Pires, era tão forçada que a saída foi matar a personagem. A coisa ficou pior quando o escritor colocou na trama uma irmã gêmea da jornalista disposta a fazer justiça pela morte da irmã para não deixar a atriz fora do folhetim. Só que a cópia saiu pior que encomenda. Se tudo isso estiver na sinopse original deixa a situação pior ainda.
Talentosíssima, Totia Meirelles foi uma figurante de luxo no fracassado núcleo da pensão. Com exceção do personagem de Guilherme Boury, que além de amigo do personagem do Caio Castro se envolveu com a funkeira da Carol Macedo, nada ali funcionou. Alguém sabe que fim levou o personagem Sandro Pedroso, o namorado de Susana Vieira? Com exceção da personagem de Eva Wilma, que morava lá para dar sentido ao núcleo, apenas Wolf Maya – diretor geral do folhetim – tinha alguma função: salvar Tereza Cristina de suas próprias ciladas.
Adriana Birolli não nasceu para ser aquela típica mocinha romântica. Existe um ar de Isabel, sua personagem em “Viver a Vida”, que inviabiliza o telespectador a acreditar que ela menina possa sofrer de amor e todo aquele blá blá blá que nos faz torcer por uma heroína de novela. Além disso, faltou química entre a morena e Caio Castro. E entre ela e Rodrigo Hilbert. Entre ela e o público. Aguinaldo Silva ficou tão preocupado em alfinetar Silvio de Abreu e fazer o público esquecer a apagada Diana de Carolina Dieckmann, em “Passione”, que deixou a desejar na hora de montar sua Patrícia.
fonte:http://entretenimento.br.msn.com/famosos/fina-estampa-27#image=11